Os outros trazem alguns retratos nossos...

Por inúmeras vezes pude contemplar "minha vida" em canções de quem se quer sabe que existo, em palavras de quem está ao meu lado, mas não me conhece. Melodias, textos, roteiros, expressões das mais espontâneas já me disseram tanto sobre mim e traduziram tão bem realidades extremamente particulares, daquelas singulares mesmo, que cabem a nós e a quem íntima e essencialmente nos conhece. Partindo dos frutos destas minhas maravilhosas experiências de identificação, desejo que outros provem desta graça através de minha vida.

De fato, os outros podem trazer - e trazem - alguns retratos nossos...

Abraço fraterno,

Shalom a vós!!!


terça-feira, 22 de junho de 2010

Redemoinhos, Ventos e Verdades

Estou inquieta, tenho vivido um tempo daqueles que qualquer um em sã consciência não deseja viver. Não digo que o desejo, mas acolho. É tempo de viver e me demorar, é preciso deixar que tudo que precisa ser podado assim o seja. É necessário amar este tempo, optar livremente por ele.
Os ventos deste tempo parecem, a cada novo instante, soprar em direção contrária à minha vontade. Sinto como que, mergulhada num mar agitado, num redemoinho e pelas águas do mar revolto, ser lançada com grande "fúria" para direções em que eu não desejo ir.(o ser "revolto", agitado do mar e a "grande fúria", na verdade são expressões não necessariamente do estado e verdade do mar, mas conseqüência da ação dos movimentos do “mar” em minha vida. Trata de como me sinto neste tempo à cerca de tudo que me envolve)
Nunca desejo ir contra minhas próprias vontades e paradigmas, é impressionante! Mais surpreendente que minha aversão às contrariedades de meus interesses e conceitos é o bem que muito me faz esse tal vento "brusco" - digo que este vento é brusco, não necessariamente por sua força, mas por ser independente de mim e "indiferente" à minha vontade - que faz o movimento contrário às minhas expectativas e me leva a perspectivas muito maiores das que posso enxergar por mim mesma. Muito me faz bem estar inserida no mar agitado, mergulhada nele, que me lança onde eu não quis estar, onde por mim mesma não fosse possível viver a dimensão de SER.
Posso bem endurecer o coração e deixar que todo este tempo passe, simplesmente, mas não quero! Não desta vez... Preciso aprender que o que vivo hoje e agora, é de suma importância para que frutifique e existam muitos valores que me serão necessários amanhã, ou logo mais. Daí me parte a iniciativa de dizer que acolho minha realidade, este tempo de minha vida, parto do fato de que tantas coisas do que vivi me são úteis: formaram-me, me fizeram melhor. Da mesma forma hoje olho para mim e noto certos pontos – daqueles os quais eu passei por cima, daqueles nos quais eu não soube/quis me demorar, daqueles pelos quais eu não optei, aqueles que não foram acolhidos, mas rejeitados, ignorados, aqueles momentos em eu não me dei o direito de viver, de ser HUMANA e humanizar com seus frutos – que como uma plantação mal cuidada, não regada com regularidade, não frutificaram. Resultaram em perdas! Perdas da semente plantada, do tempo perdido. O desperdício de oportunidades tão belas de sofrer e chorar, e assim, sofrendo e chorando ser capaz de escolher, optar com LIBERDADE e AMAR. Desta forma colheria os frutos de FELICIDADE! A alegria passageira é prazerosa, mas de esvai, a FELICIDADE é de sempre e para sempre e é de longe mais perfeita, não passará jamais.
É mesmo nos tempos de tantas inquietudes, dores, lágrimas, VERDADES duras (mas libertadoras) e "contrariedades" como as que neste tempo experimento, em que toco esta FELICIDADE em minha vida, reconheço-a e a acolho livremente! Opto por ela assim, com a face banhada de lágrimas, o coração sangrando, lutando contra mim mesma por tantas e tantas vezes – por quase todas elas -, mas faço esta opção em vista das perspectivas de eternidade que dão sentido à minha existência, por que sei que por mim mesma não sou capaz de nada e que sozinha não chegarei a lugar algum. Acredito que há Quem possa muito mais, Quem veja além dos meus paradigmas, de minha limitação. Sigo assim me descobrindo, lutando, por vezes chorando e como nunca aprendendo a cantar:

“Contigo eu sei que posso ir pra muito além, além de mim. Se nada sou, TU és meu tudo, ó meu Senhor...” (Erlison Galvão)