Os outros trazem alguns retratos nossos...

Por inúmeras vezes pude contemplar "minha vida" em canções de quem se quer sabe que existo, em palavras de quem está ao meu lado, mas não me conhece. Melodias, textos, roteiros, expressões das mais espontâneas já me disseram tanto sobre mim e traduziram tão bem realidades extremamente particulares, daquelas singulares mesmo, que cabem a nós e a quem íntima e essencialmente nos conhece. Partindo dos frutos destas minhas maravilhosas experiências de identificação, desejo que outros provem desta graça através de minha vida.

De fato, os outros podem trazer - e trazem - alguns retratos nossos...

Abraço fraterno,

Shalom a vós!!!


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Abismo do medo

Parece que, quando fico muito tempo sem dar vazão ao que se passa em mim para que seja escrito, relatado e às vezes partilhado, me sinto meio travada, aí fico como desta vez, por dias começando algo sem ser capaz de concluir nada. Estes dias, tenho vivido assim, começando sem conseguir continuar a descrição do tempo, do amor, da dor, da vida, da alegria que passa e da felicidade que a cada dia se renova.
Pensava, ainda ontem, em recomeço, em opções... Tenho pensado em tantas coisas e conseguido parar e me demorar em tão poucas que esta minha escrita, corre sérios riscos de ser confusa, inacabada, mas não me importo! Determino-me a ir até onde os passos de minha mente puderem e chegar até onde me levarem. Talvez pareça lugar algum, talvez seja esta a forma para que eu mesma chegue a "algum lugar".
O que eu gostaria muito de pensar hoje, estando aqui, parada, é sobre certo lugar que encontrei. Este nome me veio à mente assim que me deparei na "estrada do meu eu" com um abismo. Ele se chama: "abismo do medo". Como das outras vezes, fui, como que levada por um pensamento que tinha nome, duas palavras: "abismo" e "medo". As situações do dia-a-dia requerem sempre opções, decisões que na maioria das vezes não podem ser adiadas, ignoradas, trarão novas trilhas, novas rotas a serem seguidas e outras decisões a serem tomadas.
Sempre me achei corajosa, sempre me enganei e o “engraçado” é que tenho me descoberto tão pequena, tão frágil, tão temerosa em dar passos, em aderir ao desejo do meu coração que, ultrapassa os limites da minha competência, de minhas capacidades, que foge ao meu controle e, muitas vezes à minha compreensão! É nestas circunstâncias, olhando para mim, tão pequena como sou, que me vi neste abismo, mas não quero ficar aqui, não mais! Hoje sei que era aqui, neste abismo, o lugar onde me vi por muitas vezes, mas estava tão enganada sobre quem eu sou que não fui capaz de identificar o caminho das minhas vontades que me levavam a este lugar, o caminho que parecia sempre ser o mais belo e seguro e que percebo, que, na verdade, não passa da fuga daquilo que sou e que fui criada para ser e viver! Estava tão enganada sobre quem eu sou que não fui capaz de reconhecer e saber o nome deste lugar, de notar que é fundo e que me levaria a um falso centro, à mim mesma. Não quero permanecer aqui, presa neste abismo, à mercê daquilo que quero hoje e que provavelmente não irei querer amanhã, por que a inconstância da minha humanidade é tão grande e me convence por vezes a abandonar a constância da alma que deseja apenas o que é realmente importante, que se prende ao essencial, ao que é Bom.

Não quero estar presa às quedas no abismo do medo, mas lançar vôos de coragem, renúncia e disposição, livre dos meus medos e compreensões, ao céu que está em todos os lugares já vistos e ainda não conhecidos do fascinante mundo de mim.

Sigo assim, nas contínuas e maravilhosas descobertas de quem sou: meu eu em fase de descobertas...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Redemoinhos, Ventos e Verdades

Estou inquieta, tenho vivido um tempo daqueles que qualquer um em sã consciência não deseja viver. Não digo que o desejo, mas acolho. É tempo de viver e me demorar, é preciso deixar que tudo que precisa ser podado assim o seja. É necessário amar este tempo, optar livremente por ele.
Os ventos deste tempo parecem, a cada novo instante, soprar em direção contrária à minha vontade. Sinto como que, mergulhada num mar agitado, num redemoinho e pelas águas do mar revolto, ser lançada com grande "fúria" para direções em que eu não desejo ir.(o ser "revolto", agitado do mar e a "grande fúria", na verdade são expressões não necessariamente do estado e verdade do mar, mas conseqüência da ação dos movimentos do “mar” em minha vida. Trata de como me sinto neste tempo à cerca de tudo que me envolve)
Nunca desejo ir contra minhas próprias vontades e paradigmas, é impressionante! Mais surpreendente que minha aversão às contrariedades de meus interesses e conceitos é o bem que muito me faz esse tal vento "brusco" - digo que este vento é brusco, não necessariamente por sua força, mas por ser independente de mim e "indiferente" à minha vontade - que faz o movimento contrário às minhas expectativas e me leva a perspectivas muito maiores das que posso enxergar por mim mesma. Muito me faz bem estar inserida no mar agitado, mergulhada nele, que me lança onde eu não quis estar, onde por mim mesma não fosse possível viver a dimensão de SER.
Posso bem endurecer o coração e deixar que todo este tempo passe, simplesmente, mas não quero! Não desta vez... Preciso aprender que o que vivo hoje e agora, é de suma importância para que frutifique e existam muitos valores que me serão necessários amanhã, ou logo mais. Daí me parte a iniciativa de dizer que acolho minha realidade, este tempo de minha vida, parto do fato de que tantas coisas do que vivi me são úteis: formaram-me, me fizeram melhor. Da mesma forma hoje olho para mim e noto certos pontos – daqueles os quais eu passei por cima, daqueles nos quais eu não soube/quis me demorar, daqueles pelos quais eu não optei, aqueles que não foram acolhidos, mas rejeitados, ignorados, aqueles momentos em eu não me dei o direito de viver, de ser HUMANA e humanizar com seus frutos – que como uma plantação mal cuidada, não regada com regularidade, não frutificaram. Resultaram em perdas! Perdas da semente plantada, do tempo perdido. O desperdício de oportunidades tão belas de sofrer e chorar, e assim, sofrendo e chorando ser capaz de escolher, optar com LIBERDADE e AMAR. Desta forma colheria os frutos de FELICIDADE! A alegria passageira é prazerosa, mas de esvai, a FELICIDADE é de sempre e para sempre e é de longe mais perfeita, não passará jamais.
É mesmo nos tempos de tantas inquietudes, dores, lágrimas, VERDADES duras (mas libertadoras) e "contrariedades" como as que neste tempo experimento, em que toco esta FELICIDADE em minha vida, reconheço-a e a acolho livremente! Opto por ela assim, com a face banhada de lágrimas, o coração sangrando, lutando contra mim mesma por tantas e tantas vezes – por quase todas elas -, mas faço esta opção em vista das perspectivas de eternidade que dão sentido à minha existência, por que sei que por mim mesma não sou capaz de nada e que sozinha não chegarei a lugar algum. Acredito que há Quem possa muito mais, Quem veja além dos meus paradigmas, de minha limitação. Sigo assim me descobrindo, lutando, por vezes chorando e como nunca aprendendo a cantar:

“Contigo eu sei que posso ir pra muito além, além de mim. Se nada sou, TU és meu tudo, ó meu Senhor...” (Erlison Galvão)

domingo, 9 de maio de 2010

A intensidade de viver

Falar sobre a intensidade de viver é conseqüência da vida vivida com intensidade. E o que é viver com intensidade senão reconhecer o valor elevadíssimo e conseqüente, fruto, das experiências todas de todos os dias? Busco viver assim, com intensidade. Se consigo? Na maioria das vezes não, mas desejo. Faz parte de "meus reconhecimentos" assumir que é trabalhoso reconhecer o valor de uma decepção, de uma frustração, de momentos difíceis e por inúmeras ocasiões me vi refletindo sobre este assunto. É complicado para mim, talvez por minhas distrações e dificuldades em traçar uma rota e segui-la com rigor. Um dia desses ouvi uma frase interessante, é quase assim: "Um rio não segue um curso reto até o mar e para seguirmos o trajeto do rio, é preciso 'fazer' com ele suas voltas, para assim acompanhar o desembocar do rio no mar", talvez essas minhas "voltas" - disfarçadas de distração - sejam o "acompanhar natural do curso deste rio da vida" que sempre desemboca no mar, e realmente acredito que "as águas de minha vida" tornar-se-ão um dia uma só água. Assim espero e por este "momento" anseio profundamente.
Me impressiono com facilidade ante os acontecimentos da vida: aqueles muito simples, de forma bastante especial, e que tendem a passar sem serem JUSTAMENTE valorizados. Falo de um simples "bom dia" recebido numa manhã nublada, de um sorriso suave e verdadeiro ou de um e-mail (neste tempo de tanta tecnologia) convidativo a uma reflexão ou simplesmente portador de uma saudação singela mas que faz toda a diferença num desses dias "sem graça" aos nossos olhos tão cheios e facilmente convencidos de e por superficialidades. Será que alguém pode dizer-se imune do efeito maravilhoso de um destes momentos cheios da doçura singular que trazem aos corações humanos a verdadeira graça de ser humano? Eu não posso.
Acredito na identificação das pessoas com o amor e com a busca natural de todo e qualquer homem pela felicidade. Aliás, tenho em minha vida o amor como o ponto maior da verdade de ser quem sou e a felicidade como a plena vivência desta verdade. Penso com tristeza que muitos vivem enganados por não viverem a intensidade de ser quem são, por não viverem de fato, por não amarem. Muitos dizem sonhar com a felicidade, neste momento sinto-me privilegiada por não apenas sonhá-la, mas por vivê-la. Pode parecer presunçoso, mas ainda não consegui encontrar argumentos que pudessem me contradizer e não achei quem o fizesse, embora reconheça a imperfeição de minha feliz existência. A alegria difere da felicidade, costumo dizer que a alegria é passageira, embora um sentimento magnífico! A felicidade que vivo, que experimento, que tenho a cada novo dia e instante a oportunidade de provar é fruto da árvore de uma decisão séria, de uma opção por ser feliz. Alguém muito especial me mostrou e ensinou-me com a vida, que "amar é uma decisão". Além desta verdade que preciso aprender sempre, aprendo, provo e comprovo constantemente que ser feliz é conseqüência desta decisão.
A maior experiência de intensidade em viver verdadeiramente a vida e a humanidade de ser quem sou é exprimida nesta opção livre por amar. Logo, por ser feliz.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Preciso, desejo e quero voltar!

Peço desculpas, primeiramente, àqueles que por aqui passaram buscando algo novo, algo com que se identificassem, um convite a alguma reflexão, ou um conjunto de palavras unidas que formassem um texto que servisse de mera distração e nada encontraram, passei alguns dias indisposta. Estive sem "coragem" de escrever, talvez levada por tantos pensamentos, emoções e excesso de informações.
Confesso que busquei um "tema", um pretexto para escrever e expressar-me, mas foi difícil encontrar o que de dentro de mim está em tempo de ser partilhado, o que pode ser colhido por estar maduro, como uma árvore que nos oferece do banquete de seus frutos quando em tempo de colheita. O que posso "oferecer-vos" hoje - nesta colheita - é a verdade do fruto de minha árvore: minha reflexão sobre amar.
Desde ontem venho pensando, de forma muito intensa, no quanto não tenho gastado tempo com o que me é precioso, lembrei-me logo de Antoine de Saint-Exulpery (autor de "O Pequeno Príncipe"), que nesta mesma obra trata com sabedoria e amor do sobre o que é cativar, do processo, da espera, do "cultivo", suas belezas e conseqüências. Lembrava-me ainda, de um sábio sacerdote, que em certa pregação citou a abelha que detém-se em produzir o mel mesmo podendo voar, mesmo podendo desfrutar de paisagens, da livre sensação de pelo ar "passear" ela faz a opção de gastar seu tempo de flor em flor, de se demorar para produzir a partir dali o doce mel - não por ter consciência - mas por instintivamente perceber na demora de cada flor, e na produção do mel a sacralidade de sua vida, aquilo para o qual verdadeiramente existe.
Reflito, no quão pouco tenho me demorado na sacralidade da minha vida, em como tenho voado sem rumo, deixando a vida passar e perdido a verdadeira razão para existir! Preciso, voltar... Não posso ter o jardim inteiro, mas tenho as flores do meu hoje, de minhas opções, de meus amores, de meus tesouros, as flores que requerem de mim a dedicação em cuidar e abdicação do vôo lícito mas não-sacro. Se gastar tempo faz ser sagrado, logo se não gasto tempo permito que seja profano o que outrora foi sagrado, permito que se perca em meio ao que é supérfluo, permito que tenha valor de nada aquilo que muito vale!
A vida sem a experiência do amor é vazia, é desencontrada, é profana, está fora da "atmosfera do que é sagrado", diz o sacerdote. Não quero viver assim, sem motivos de SER e VIVER! Reconheço em mim a essência do Amor, essência do mel de amar, via única, perfeita e certa para o próprio Amor.
Não cabem mais palavras, mas cabe o desejo de correr o risco de me demorar!

"Amar é correr riscos sempre" (Ziza Fernandes)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Desencontros de mim...

Se vires a MIM vagando por aí, peça para EU voltar, diga que ESTOU esperando! Desencontros de mim...

Tenho deparado-me com o constante desencontro de mim, talvez tenha buscado encontrar-me fora de quem sou. Sinto-me por vezes como que perdida buscando encontrar-me em endereços que pensei habitar; acaso me encontraria onde está tão somente o meu corpo? Acredito que não. Penso que onde "está" minha mente, meus pensamentos, não - necessariamente - encontra-se o meu corpo! Tenho sem sucesso tentado compreender mudanças, existências e inexistências... Como o que "é", pode deixar de "ser"? Questiono ainda o que não "é" nada e torna-se algo... Curiosas "metamorfoses da vida"! Não me vejo na obrigação de, simplesmente, conformar-me com tudo isso, ainda que independam de meu consentimento, de minha vontade e de meus esforços em sua maioria. Os desencontros de mim, os não-reconhecimentos de "quem sou", talvez hoje tenham força por que a tempos deixei que o meu olhar desviasse de onde jamais deveriam ser desviados, talvez por minha covardia ter sido grande e me impedisse de olhar para mim sem as máscaras que insistentemente tentamos (e eu tento, por vezes) pôr sobre nossa face (sobre minha face). As possibilidades podem variar do "método de avaliação" de cada um, de seus conceitos, paradigmas, crenças ou daquilo que se vive hoje. Eu apenas acredito que é parte da descoberta maravilhosa, não eximida de dor e lágrimas, do auto-conhecimento e da restituição daquilo que sou!

Shalom a vós!