Os outros trazem alguns retratos nossos...

Por inúmeras vezes pude contemplar "minha vida" em canções de quem se quer sabe que existo, em palavras de quem está ao meu lado, mas não me conhece. Melodias, textos, roteiros, expressões das mais espontâneas já me disseram tanto sobre mim e traduziram tão bem realidades extremamente particulares, daquelas singulares mesmo, que cabem a nós e a quem íntima e essencialmente nos conhece. Partindo dos frutos destas minhas maravilhosas experiências de identificação, desejo que outros provem desta graça através de minha vida.

De fato, os outros podem trazer - e trazem - alguns retratos nossos...

Abraço fraterno,

Shalom a vós!!!


sexta-feira, 5 de março de 2010

Preciso, desejo e quero voltar!

Peço desculpas, primeiramente, àqueles que por aqui passaram buscando algo novo, algo com que se identificassem, um convite a alguma reflexão, ou um conjunto de palavras unidas que formassem um texto que servisse de mera distração e nada encontraram, passei alguns dias indisposta. Estive sem "coragem" de escrever, talvez levada por tantos pensamentos, emoções e excesso de informações.
Confesso que busquei um "tema", um pretexto para escrever e expressar-me, mas foi difícil encontrar o que de dentro de mim está em tempo de ser partilhado, o que pode ser colhido por estar maduro, como uma árvore que nos oferece do banquete de seus frutos quando em tempo de colheita. O que posso "oferecer-vos" hoje - nesta colheita - é a verdade do fruto de minha árvore: minha reflexão sobre amar.
Desde ontem venho pensando, de forma muito intensa, no quanto não tenho gastado tempo com o que me é precioso, lembrei-me logo de Antoine de Saint-Exulpery (autor de "O Pequeno Príncipe"), que nesta mesma obra trata com sabedoria e amor do sobre o que é cativar, do processo, da espera, do "cultivo", suas belezas e conseqüências. Lembrava-me ainda, de um sábio sacerdote, que em certa pregação citou a abelha que detém-se em produzir o mel mesmo podendo voar, mesmo podendo desfrutar de paisagens, da livre sensação de pelo ar "passear" ela faz a opção de gastar seu tempo de flor em flor, de se demorar para produzir a partir dali o doce mel - não por ter consciência - mas por instintivamente perceber na demora de cada flor, e na produção do mel a sacralidade de sua vida, aquilo para o qual verdadeiramente existe.
Reflito, no quão pouco tenho me demorado na sacralidade da minha vida, em como tenho voado sem rumo, deixando a vida passar e perdido a verdadeira razão para existir! Preciso, voltar... Não posso ter o jardim inteiro, mas tenho as flores do meu hoje, de minhas opções, de meus amores, de meus tesouros, as flores que requerem de mim a dedicação em cuidar e abdicação do vôo lícito mas não-sacro. Se gastar tempo faz ser sagrado, logo se não gasto tempo permito que seja profano o que outrora foi sagrado, permito que se perca em meio ao que é supérfluo, permito que tenha valor de nada aquilo que muito vale!
A vida sem a experiência do amor é vazia, é desencontrada, é profana, está fora da "atmosfera do que é sagrado", diz o sacerdote. Não quero viver assim, sem motivos de SER e VIVER! Reconheço em mim a essência do Amor, essência do mel de amar, via única, perfeita e certa para o próprio Amor.
Não cabem mais palavras, mas cabe o desejo de correr o risco de me demorar!

"Amar é correr riscos sempre" (Ziza Fernandes)